(Di) vagando, Filme

Pelos campos de Pemberley

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Jane Austin foi uma escritora além do seu tempo, não posso falar sobre repressão ou algo que lhe impedisse de escrever sobre dois indivíduos que travam uma disputa gentil entre orgulho e preconceito. Elizabeth não tinha muitas alternativas naquela época a não ser ler romances entre os campos de sua casa, a conviver com uma mãe de cinco filhas, sua mãe aproveitava a vinda de militares para desposar suas filhas. E, não muito distante dos pastos verdejantes que Lizzie caminhava a casa de férias de um homem abrigava Darcy. Existem muitos Darcy mas o da Keira é o com mais cara de perdido. Um homem no alto de suas convicções encontra-se com uma camponesa desafiadora e não comum. Não havia em si declaradamente o anseio da paixão, dentre todas as irmãs Lizzie escolhia ficar por trás a olhar os cavalheiros.

Pisando em Pemberley, Lizzie era um enorme afronte e desafio aos nobres que lá moravam, enquanto Darcy a olhava de longe com aquela cara de cachorro sofrido. Esperava a hora certa para dizer-lhe sem muitos rodeios que sabia o quanto não era adequada a ele, palavras ouvidas de sua boca preconceituosa no baile de apresentação. As danças intercaladas daquela época lhe cediam um certo tempo para que as moças decididas a elaborar o diálogo com seu par. “Podemos apenas dançar em silêncio”. O mistério e a total falta de desespero de Lizzie chamou a atenção de Darcy.

Brava o suficiente para defender suas convicções, orgulhava-se de ser quem é, e de ter a família que tinha. Em uma chuva torrencial entre o pastoril e Pemberley, Lizzie arranca de Darcy palavras de despojo, de livrar-se de qualquer pré julgamento de um nobre. A forma como diz-lhe verdades destoa total da forma com quem sua mãe criou as demais filhas. Lizzie não aceitava o preconceito, e acreditava nas poesias e amores lidos à tardinha.

Em filmes com demasiado cenário verde Lizzie acorda cedo, ansiosa, pressentindo algo. É na névoa da madrugada que começa a andar, a pensar, a não aguentar mais o amor sentido por aquele nobre.  E absurdamente elegante porém visivelmente cansado Darcy surge da névoa, sua expressão de cachorro sofrido está ali. “Não há mais um minuto que possa ficar longe de ti, Elizabeth”.

Ainda hoje há quem se ocupe da ansiedade de um encontro desse. Muito humano e real, uma mocinha à frente do seu tempo capaz de não calar-se diante do desespero, do preconceito e de seu orgulho. Me sinto tão inspirada por Elizabeth, pelas palavras de Jane, um dos meus filmes preferidos para acreditar que duas personalidades podem colidir e disso nascer uma admiração.

(Di) vagando, Filme

Eu preciso ver esse balanço maldito;

Hazel Grace? Está tudo bem?

(O dia estava cinzento, frio e eu estava sentada na grama molhada do meu jardim. Sentada de frente para o balanço que o meu pai havia construído para mim quando ainda era pequena)

Fique um tempo balançando a cabeça.

“Não, não está…”


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Aqui está o balanço que o meu pai construiu pra mim. – eu disse a ele enquanto me sentava. “Hazel, eu quero que você saiba que todas as suas tentativas de me afastar de você não diminuirão o afeto que sinto por ti”. E todos nós, Hazel, somos uma bomba relógio.

Essa é uma cena do filme que me faz encolher em qualquer lugar que eu estiver e chorar. Pelo menos umas duas vezes ao ano tenho que deparar-me com o balanço maldito que o pai da Hazel construiu pra ela. E logo com o tanto de vazio que cabe em encolher-me e chorar.

Não precisei assistir ao filme nos últimos tempos, mas hoje o dia está absurdamente frio para quem acostumou-se com o calor (de todas as formas). Dou graças que é essa a personagem que me lembra, que me dá aquele start para escrever sobre dor, ela existe ali no filme e acaba com os créditos finais pra vir morar aqui no meio da minha confusão interna.

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“Você e essa mania de não querer ser esquecido”;